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Outchhhh!! Crescer dói...

Normalmente e especialmente pelas redes sociais, só se mostra a parte bonita das coisas. O sucesso dos seus negócios, das suas relações, dos seus momentos de prazer e celebração. Tipo conto de fadas. Mas como julgo que todos devamos saber, isso é apenas uma ínfima parte do processo.

Este é um tema que inclusive tem vindo a ser bastante escrutinado pela classe médica/terapêutica, relativamente ao impacto que causa esta projeção enganosa de si próprio.

Talvez o façam como uma tentativa de receber atenção, validação, aprovação, como medida de escape ou até como um mecanismo de auto-impulsão tentando dizer a si próprios “está tudo bem”!

Recebermos isto dos outros é como que uma pequena injeção de serotonina que nos faz sentido bem.

Pois bem, ignorar um problema não o faz desaparecer. Aliás, agudiza-o.

 

Partilhar outra coisa que não seja sucessos, talvez mostre vulnerabilidade. E nós, de uma forma generalizada, ligamos vulnerabilidade a fraqueza. E na minha perspectiva e experiência pessoal até, uma não deriva da outra. Antes pelo contrário. Mostrar-se vulnerável é uma acção altamente corajosa. Mas como treinamos pouco isso, pouco sabemos disso. Até nem sabemos como o fazer.

 

Como um bom exemplo do que quero dizer...

Há uns dias reparei num post de um amigo onde partilhava que se tinha divorciado. Ora, se usou uma rede social para dizer que se se tinha casado anos antes, utilizou o mesmo critério para anunciar a separação. E pensei: “sim senhor, corajoso!!”. Fê-lo de uma forma elegante, sem se vitimizar, respeitando-se a si e à sua, agora, ex-mulher. E aqui está o grande ingrediente de comunicar algo menos bom - sem se vitimizar e com respeito (por todas as partes).

 

Acredito que quem tem (ou acha que tem) uma vida fácil, repleta única e simplesmente de momentos altos, é possível que esteja em coma acordado. Está atordoado e naturalmente talvez ainda não tenha percebido.

A dor não é algo obrigatoriamente negativo. A dor é algo absolutamente necessário.

Tal como um músculo do nosso corpo, para crescer tem que doer. Se não está a doer, nada está a acontecer.

 

Só que, quando estamos num processo de evolução mental, emocional e espiritual, dói na alma. E como é uma dor a que não estamos muito habituados e da qual pouco conhecemos, a gestão torna-se mais difícil.

Não se gere uma coisa que não se conhece. Portanto, só há uma forma de melhorar esta capacidade: abraçá-la e treinar! E treinar com intencionalidade e emocionalidade.

 

Há uns tempos escrevi:

O “desenvolvimento pessoal” costuma ser um pouco mal interpretado, porque parece uma coisa bastante divertida e prazerosa. Mas se lhe chamássemos “colocares-te constante e deliberadamente numa posição tão desconfortável que parece que vais morrer”, muita pouca gente, quer dizer, ainda menos pessoas, teriam o impulso para se desenvolverem.

Li uma pesquisa recentemente que referia que mais de metade dos reconhecidos actores de Hollywood, teria perdido pelo menos um dos pais até aos 18 anos de idade.

No entanto, conseguiram catalisar essa dor em combustível para as suas vidas. E talvez, para não dizer “com toda a certeza”, foi essa dor que os levou a um estado de entrega, dedicação e foco, que lhes permitiu explorar o seu talento de forma exímia.

Esta é a parte reactiva da dor, ou seja, aconteceu-me algo doloroso e reagi de forma a usar isso a meu favor em vez de contra mim.

Sendo este um trabalho fundamental na alavancagem das nossas perdas, este processo, desta forma, não está nas nossas mãos. Pelo que, acredito, defendo e incentivo que nos submetamos constantemente a dores conscientes para que possamos crescer com intencionalidade.

 

E ao que me refiro crescer com intencionalidade?

Crescer em linha com a pessoa que me quero tornar. Isto para não acabarmos sendo uma pessoa que não queríamos. E existem muitas pessoas nesta circunstância.

Crescer dói e é necessário. Usando até o clichê desportivo “no pain no gain”.

É nisto que acredito e neste âmbito, trabalho-o muito com os meus clientes do programa 1a1 - Life & Career Coaching

 

Ah e só mais uma coisa: nós ligamo-nos verdadeira e realmente uns aos outros nas nossas vulnerabilidades e não nos nossos sucessos.

 

Fica a partilha e reflexão com grande sentido de responsabilidade e serviço.

O abraço do costume.

João