2020 foi um ano particular como todos sabemos. Podemos escolher olhar para ele com um olhar fatalista ou, podemos trocar a perspectiva e tentar perceber e integrar o que aprendemos. Mas, claro está, para quem está disponível para aprender…
Recorrentemente reflicto sobre onde estou, de onde venho, para onde vou, como aqui cheguei, porque aqui cheguei, quem me ajudou…faço-me muitas questões mesmo. Posso não encontrar todas as respostas (e não encontro a maioria; desengane-se quem achar que o vai conseguir fazer), mas a qualidade das perguntas vai melhorando significativamente e isso vai-me permitindo evoluir em pequenos passos. Aliás, qualquer evolução é feita por progressão, não por revolução.
Ao início é uma amálgama de coisas. Uma confusão de sentimentos e pensamentos. Mas como tudo na vida, vamos melhorando a qualidade da nossa reflexão, à medida que a vamos praticando com intencionalidade. Não conheço ferramenta tão poderosa quanto uma avaliação crua de nós próprios.
Fundamentalmente, refletir sobre tudo isto, dá-me direcção. E direcção é muito mais importante que velocidade. Afinal, o que é que interessa ir rápido para um sítio qualquer?! Ou em alta velocidade mas andar em círculos?!
Partilho contigo as minhas maiores lições e aprendizagens, convidando-te a fazer o mesmo. É essa a principal intenção com que escrevo este texto. Reflecte e escreve sobre os ensinamentos deste ano. Cada um de nós tem naturalmente o seu estilo, a sua forma de fazer, a sua velocidade, mas o mais importante é que se faça. Quando escrevemos ganhamos consciência de uma forma muito mais ampla.
Algumas delas foram novas, outras não sendo novas, foram mais aprofundadas. Aqui está a lista das minhas 29 principais lições e aprendizagens de 2020:
1. Não me digas, mostra-me! Se me amas, não me digas...mostra-me. Se te preocupas comigo, não me digas...mostra-me. Se queres cuidar de mim, não me digas...mostra-me. Se tens saudades minhas, não me digas…mostra-me. Se queres atingir algo, não me digas…mostra-me.
2. Não tenho o poder de controlar o que está fora de mim, mas posso controlar o que está dentro de mim. Sou eu que escolho a forma como me sinto.
3. A melhor forma de proagir ou reagir em qualquer situação é sempre com amor e humildade. Reagir de forma brusca e corrosiva só aumenta a tensão, separa-nos uns dos outros. Dizer que o mundo precisa de mais amor, mas andar constantemente a bater em tudo e todos à nossa volta, aumenta-nos a frustração e o fosso de identidade (diferença entre quem realmente somos e quem mostramos ser). Ainda que não queiramos alguém na nossa vida, não o precisamos fazer com violência. Ah e tentar ensinar lições aos outros, acredito que não é da nossa responsabilidade.
4. Tenho que me preparar para que nada corra como planeei no início.
5. Aceitar algo é muito diferente de me resignar a algo.
6. Demasiado foco (hiperfoco) tira-nos visão periférica.
7. Quando mais forço ou tento controlar uma situação, menos acontece o que quero. Só poderei ser surpreendido se me permitir estar disponível para tal.
8. O principal ingrediente da evolução pessoal é a qualidade das perguntas que nos fazemos a nós próprios, não o número de respostas que obtemos.
9. O facto de eu não estar a ver a acontecer, não significa que não esteja a acontecer.
10. Tenho sempre que trabalhar mais em mim do que naquilo que faço…eu não sou o que faço.
11. O conflito é absolutamente essencial para crescer. Não um conflito de valores e/ou crenças, mas um conflito de perspectivas e experiências.
12. Manter espírito de aprendiz é um exercício de desapego contínuo do ego. Não significa esquecer o que sei, mas olhar sempre com curiosidade para cada nova experiência e potencialidade.
13. Construir expectativas não tem nada de errado, é um processo natural da vida. Mas se o fizermos, que o façamos relativamente a nós próprios e não aos outros.
14. As necessidades emocionais são muito mais prementes que as necessidades básicas.
15. Se a vida me tirou alguma coisa ou alguém do caminho, é porque não era para lá estar e me está a guardar algo muito melhor. Recebemos o que merecemos e o que precisamos, não o que queremos. (nota: não me refiro a perder pessoas pela sua morte).
16. Onde colocamos a nossa intenção, energia e tempo é de onde teremos resultados. Afinal é isso que alimentamos.
17. Saber receber é tão importante como saber dar.
18. Sobre o perdão... apenas nos podemos perdoar a nós próprios e não aos outros. Perdoar o outro, tornar-nos-ia seres superiores. Somos todos iguais e todos fazemos o que achamos melhor em cada momento da nossa vida, mediante as circunstâncias do presente, experiências do passado e expectativas do futuro. Tenhamos sim mais compreensão, empatia e compaixão.
19. O amor perdurará sempre. Poderá transformar-se, mas jamais se esfumaça.
20. Pergunto-me mais vezes "para quê?" do que "porque é que isto me está acontecer a mim?". Quando percebemos que há lição escondida por detrás de cada experiência, retiramos o foco de controlo externo e assumimos RPTA - responsabilidade pessoal total e absoluta.
21. É quando estamos perdidos que nos conseguimos encontrar.
22. Sonhar é uma capacidade que se alimenta. Sonhar é ter fé.
23. Ser intencional no dia-a-dia é um trabalho de formiga, uma tarefa hercúlea.
24. O meu foco está em melhorar 1% todos os dias…e 1% toda a gente consegue.
25. Quanto mais amadureço mais capacidade tenho de esperar. O que não deixa de ser curioso...quando era mais novo, quando tinha todo o tempo do Mundo e a vida toda pela frente, estava cheio de pressa...
26. A diferença faz-se numa pessoa de cada vez.
27. Sobrevalorizamos os eventos e subestimamos o processo. O que nos trouxe até ao ponto onde estamos, foi um conjunto de escolhas, não um evento específico.
28. Os meus falhanços e insucessos são o meu maior activo. É mais sobre dominar a arte de cair e levantar do que evitar tropeçar. Além de que, se caminhar com medo, ele faz-me estar retraído.
29. Não desejo ter menos problemas. Desejo sim, melhorar a minha capacidade de os resolver. Uma vida sem desafios é uma vida vazia.
Hoje, estou muito mais próximo de mim do que estava em Janeiro deste ano. A minha maior ambição é revelar-me ao máximo das minhas possibilidades. Sim, das minhas possibilidades, não das minhas capacidades. As capacidades podem ser limitadas, mas as possibilidades são infinitas.
Estas foram as minhas principais lições. Não são verdades universais. Se te identificares com algumas delas, espero que esta partilha te ajude.
Olhando de dentro para fora, 2020 foi o meu melhor ano de sempre! Hoje sou muito mais João e muito menos outra pessoa.
Com amor e sentido de serviço.
Um Abraço
João Cordeiro